22 de julho de 2011

Sem considerar financiamentos, Morumbi teve apenas 2,27 % de dinheiro público. Itaquerão terá 55%


O Blog do Perrone teve acesso ao relatório financeiro preparado pelo São Paulo sobre a construção do Morumbi. O documento faz parte do dossiê montado pelo clube para negar que o dinheiro público, graças ao ex-governador Laudo Natel, ex-presidente são-paulino, foi o principal combustível da obra.

Foram cerca de Cr$ 11 milhões cedidos por prefeitura e governo do Estado. A quantia é classificada de irrisória no texto preparado pelo departamento de comunicação são-paulino. O cálculo é de que vieram dos cofres públicos 4,54% do total investido para erguer a casa do São Paulo. As maiores receitas, de acordo com o relatório, vieram da venda de cadeiras cativas e de um contrato de patrocínio.

Apesar de descrito como uma das principais fontes de receita, o acordo com a Antarctica rendeu Cr$ 5 milhões, menos da metade da verba pública, considerada insignificante.

De acordo com os dirigentes tricolores, o dinheiro liberado pela prefeitura foi em forma de títulos públicos restituíveis com juros e também foram cedidos para Palmeiras e Corinthians.

COMENTÁRIO DE NAVARRO:

Finalmente o SPFC assumiu uma postura mais pró-ativa em relaçao ao Mito do Morumbi ter sido erguido às custas de dinheiro público. Sempre critiquei a postura do clube de naõ se importar com os boatos que ferem a imagem do clube.

Mas o fato é que agora o clube escancara todos os detalhes e os valores da construção do Cícero Pompeu de Toledo,derrubando por completo a lenda que tem se propagado ao longo dos últimos anos.

Você deve estar se perguntando porque o título do post menciona 2.27% se a matéria do Perrone fala em 4,54%. O motivo é simples: mais importante do que o montante de recursos públicos na obra é a forma com que tais recursos foram empregados. Uma coisa é doação, isto é, o Poder Público colocar dinheiro público numa obra que não será restituído. Outra coisa é o Poder Público financiar, ou seja, emprestar recursos que depois serão pagos com juros, semelhante ao que ocorre hoje com o BNDES, e que é perfeitamente legítimo.

Por isso, discordo quando condenam o uso do BNDES para a construção do Itaquerão. Se o clube pagar o financiamento com juros, não há problema nenhum. É o que qualquer banco privado faz.

No caso do Morumbi, houve CR$ 5.473.000,00 da Prefeitura e CR$ 5.500,00 do Governo do Estado, e que, juntos, representam 4,54% da obra.

Contudo, sabe-se que a parte da Prefeitura foi concedida mediante títulos pagos com juros, ou seja, financiamento.

Assim, na prática, se desconsiderarmos a parte que o Poder Público financiou, houve apenas apenas CR$ 5.500.000,00 de recursos públicos na obra, ou seja, 2,27%.


No caso do Itaquerão, os números são bastante distintos. O preço final do estádio é de R$ 890 milhões, sendo R$ 400 milhões via BNDES, R$ 420 milhões da Prefeitura e R$ 70 milhões do Governo do Estado.

Das 3 fontes, apenas uma delas é financiamento (ou seja, o Corinthians só devolverá aos cofres públicos a parte do BNDES).

Dessa forma, o Poder Público vai bancar 55% da Itaquerão.

Se desconsiderarmos os R$ 70 milhões do Estado, ainda assim, o percentual de recursos públicos seria de 51%.

Caso você não concorde com essa metodologia (que desconsidera o financiamento), sem problemas. Para não haver dúvidas nem questionamentos, vamos calcular os percentuais sem distinguir os financiamentos.

Nesse caso, teríamos de fato os 4,54% de dinheiro público no Morumbi (incluindo os aportes da Prefeitura e do Estado), contra 100% de dinheiro público no Itaquerão.

Além do mais, como bem informa o texto do clube, esses 4,54% não consideram as obras que foram feitas posteriormente no Morumbi e que fariam o percentual ser ainda menor.

O fato é: seja qual for a metodologia empregada, não se pode negar que o Morumbi foi construído essencialmente com recursos privados, assim como não se pode negar que mais da metade do Itaquerão será bancado com dinheiro público.


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