26 de abril de 2011

Entrevista com o jornalista Maurício Noriega


Entrevista feita com o ótimo jornalista esportivo Maurício Noriega;

Leonardo Guglielmi:

1. Noriega, hoje em dia você é considerado um dos melhores, se não o melhor, jornalista esportivo do Brasil. Voce sempre desejou se tornar jornalista? Seu pai, Luiz Noriega, ex Narrador esportivo, o influenciou para este ramo?

Maurício Noriega:

R - Agradeço as palavras, mas estou muito longe de ser o melhor jornalista esportivo do Brasil. Sei que sou um profissional respeitado e reconhecido, o que para mim já é uma enorme conquista. Sempre acompanhei meu pai de perto, vendo as narrações dele, indo a estádios, ginásios, piscinas, e gostei de esporte desde muito cedo. Essa foi uma grande influência, sem dúvida, e meu pai é um grande ídolo e meu maior professor.

Leonardo Guglielmi:

2. Já conquistou os prêmios  Ford/Aceesp de melhor comentarista esportivo por quatro vezes, em 2005, 2006, 2007 e 2010. Deseja ganhar algum prêmio em especial?


Maurício Noriega:
R - Fiquei muito feliz quando ganhei esses prêmios, mas a maior conquista de um jornalista é a credibilidade. Acho que isso é muito difícil de conquistar e manter, é meu maior prêmio.

Leonardo Guglielmi:

3. O Brasil sediará a Copa do Mundo de 2014, entretanto não tem se mobilizado para a construção dos estádios, e com isso a FIFA tem feito duras críticas a CBF e ao país. Qual é a sua opinião sobre o assunto?


Maurício Noriega:
R - Acho que o Brasil está atrasado em tudo, principalmente em infra-estrutura,e pode perder uma grande oportunidade de dar um salto de qualidade em serviços públicos, transporte, tecnologia, aproveitando a Copa e seus investimentos. Vamos aguardar, mas seguramente deixaremos de fazer muita coisa que poderia ser feita.

Leonardo Guglielmi:

4. Estendendo a pergunta sobre a Copa de 2014, tem ocorrido vários boatos de que a FIFA quer mudar a sede da Copa, podendo ser na Alemanha ou até na Inglaterra. Isso é verdade? Qual a sua opinião em relação a posição da FIFA?

Maurício Noriega:

R - Existe uma possibilidade remota, acho que é mais para pressionar o Brasil e acelerar obras e decisões. A Fifa é uma instituição política e existe um grande racha entre Europa e América do Sul, o que sempre levanta esse tipo de comentário.

Leonardo Guglielmi:

5. Mesmo tendo um time de coração, é considerado um jornalista muito imparcial. Acredita que a imparcialidade no ramo dos esportes é importante?

Maurício Noriega:

R - Jornalista quando está trabalhando não tem time. O mais impotante é ser isento. Imparcial ninguém é 100% porque você pode gostar mais do estilo de um time, de um jogador. Mas é preciso ser isento para avaliar friamente, sem deixar a objetividade de lado.

Leonardo Guglielmi:

6. Seu livro publicado pela Editora Contexto, "Os 11 Maiores Técnicos do Futebol Brasileiro", fez bastante sucesso. Como surgiu a ideia? Pretende escrever algum outro livro?

Maurício Noriega:

R - O livro fez realmente muito sucesso e fico orgulhoso. Estou trabalhando agora em um projeto sobre o técnico Oswaldo Brandão, espero ter novidades em breve.

Leonardo Guglielmi:

7. Diferentemente do que era antigamente, o Futebol Estadual nos dias de hoje, tem se tornado pouco importante e, muitas vezes, os grandes times não levam o campeonato estadual a sério e até escalam seus times reservas. Qual a sua opinião sobre isso?

Maurício Noriega:

R - Os estaduais têm sua importância, mas ficaram muito grandes em alguns casos. O Brasileiro sempre será mais impotante. Os estaduais deveriam ser torneios de pré-temporada para os grandes.

Leonardo Guglielmi:

8. Este ano, o Campeonato Paulista mudou o regulamento, e recebeu críticas sobre a mudança. Em sua opinião, o Paulistão melhorou ou piorou com o novo regulamento?


Maurício Noriega:
R - Não gostei do regulamento, mas ele só é assim porque são 20 times, um número exagerado. Com 12, 14, seria um campeonato muito mais interessante.

Leonardo Guglielmi:

9. O Campeonato Brasileiro tem a temporada diferente dos campeonatos europeus, e assim a janela de transferências do Brasil também contradiz com a Européia. Devido a isso, dizem que a temporada brasileira deve mudar. Você é a favor desta mudança? Crê na mudança em breve? Qual a sua opinião?


Maurício Noriega:
R - Sou contra. O Brasil não é a Europa. Lá, os campeonatos seguem o calendário político, educacional do país. Estamos em hemisférios diferentes, com temperaturas e distâncias diferentes. A Europa faz assim porque é bom para ela. O Brasil tem que fazer o que é bom para ele. Já imaginou jogos no Brasil na véspera de Natal, no dia de Ano Novo? Durante as férias de verão? Nas férias de verão na Europa os europeus fazem o quê? Saem em férias. O futebol deve seguir o ritmo do país.

Leonardo Guglielmi:

10. No seu ponto de vista, existe algum atual jogador no Brasil, que possui potencial de se tornar um dos melhores jogadores do mundo?


Maurício Noriega:
R - Dois: Neymar e Ganso.

Leonardo Guglielmi:

11. A volta de Adriano ao Brasil, desta vez atuando pelo Corinthians, foi em boa hora? Acredita na recuperação do craque?

Maurício Noriega:

R - Essa resposta só o Adriano pode dar. Seria bom para ele e para o futebol se conseguisse se recuperar, porque é um grande jogador.

Leonardo Guglielmi:

12. Qual dica você daria para uma pessoa que deseja se tornar um jornalista esportivo?


Maurício Noriega:
R - Ler muito, estudar, ver muitos jogos de todas as modalidades, procurar entender as regras, pesquisar e ser, sempre, muito curioso e fuçador. Abraços aos amigos.

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