26 de junho de 2011

Frio faz bem: melhor Inter do Brasileirão bate Figueira por 4 a 1


Talvez tenha sido por causa do frio, um desses elementos formadores da identidade do gaúcho. Talvez, vá saber, os menos de dez graus no Beira-Rio tiveram força suficiente para se aliar ao Inter e congelar as pernas do Figueirense – tão bem no campeonato, tão mal no jogo. Ou talvez tenha sido só na bola, só na qualidade, só no trabalho da semana que o Colorado realizou sua partida mais convincente no Brasileirão. Quaisquer que sejam os porquês, aos gaúchos só interessa a resposta: e ela é de goleada por 4 a 1 em uma Porto Alegre glacial.
O Inter teve D’Alessandro como destaque na criação. Os gols foram divididos: um de um zagueiro, Bolívar, dois de meias, Oscar e Ricardo Goulart, e outro de um atacante, Leandro Damião. Surpreendeu a queda de rendimento do Figueira: se antes tinha sofrido dois gols em cinco jogos, agora levou quatro de uma tacada só. Foi muito fraca a atuação do time de Florianópolis. Seu gol foi marcado por Wellington.
O resultado ergueu o Inter para a nona colocação no Brasileiro, com nove pontos, a dois da zona de classificação para a Libertadores. O Figueirense saiu do G-4. Caiu para o sexto posto, com dez. Na quinta-feira, os colorados visitam o Atlético-MG, e os catarinenses, um dia antes, recebem o Santos.
Nem tudo é dor, Andrés

Tem um vídeo na internet em que aparece Andrés D’Alessandro, possivelmente com menos de dez anos, apontando para o gramado do Monumental de Nuñez, casa do River Plate, e dizendo que um dia jogaria ali. Um dos jogadores mais marcantes da história recente do clube argentino deve ter lutado contra as lágrimas neste domingo, quando sua equipe do coração foi rebaixada pela primeira vez na Argentina. Mas nem tudo é dor para Andrés. No Beira-Rio, ele comandou o Inter no primeiro tempo do jogo contra o Figueirense.
D’Alessandro praticou sua especialidade, repetiu aquilo que é sua marca desde os tempos de River: abriu as portas para os colegas fazerem gols. O Inter, com toda a justiça possível em um jogo de futebol, abriu 2 a 0 no primeiro tempo. Foi muito melhor do que o adversário. No primeiro gol, bateu o escanteio para Bolívar subir bonito, no meio da área, livre feito um pássaro, e cabecear para a rede. No segundo, fez jogada de craque.

El Cabezón recebeu a bola na beirada da área. Na frente dele, surgiu metade do time do Figueirense. Um jogador tosco daria um bico na bola e rezaria para que ela atravessasse o corpo dos marcadores. D’Alessandro preferiu bater por baixo dela, fazê-la levitar, obrigá-la a ocupar um espaço que parecia impossível. Enquanto a zaga do Figueira tentava assimilar o que acontecia, Oscar completou para o gol.

Dois fatos se complementaram para arquitetar a vitória colorada nos primeiros 45 minutos: o rendimento sólido do Inter e a pobreza criativa do Figueirense. Os catarinenses, antes tão bem no Brasileirão, parecem ter congelado em um frio de retorcer os ossos no Beira-Rio. Os colorados poderiam ter engordado o placar, comandados também por Oscar, bem na criação e até nos desarmes. Duas conclusões de Damião, uma de D’Alessandro e outra de Oscar levaram perigo aos visitantes, que quase nada fizeram no campo de frente.
Damião e Ricardo Goulart transformam vitória em goleada
O segundo tempo serviu apenas para confirmar aquilo que o Inter havia criado no primeiro tempo. Por mais que o Figueirense, nos primeiros minutos, tivesse ensaiado uma reação, os colorados não demoraram a matar o jogo. A vitória virou goleada.
O terceiro gol foi de Leandro Damião; a jogada, de Zé Roberto. O camisa 11 deixou o centroavante na cara do gol. E ali é o habitat natural dele. O desvio do goleador tirou Wilson da jogada. Estava morto o jogo.
Ao Figueirense, restou evitar uma goleada. E sem sucesso. Ao Inter, coube tocar a bola, um pouco para manter o controle do jogo, outro tanto para espantar o frio. Pobre de Muriel, goleiro do Inter, esquecido em um canto do campo, batendo os dentes de frio.
Ele se movimentou mais para comemorar os gols do Inter do que para evitar os ataques adversários. A última vibração do goleiro vermelho foi em jogada de Gilberto, que deixou para Ricardo Goulart bater forte e fechar a conta de um jogo que deu sinais de que o frio, essa identidade dos gaúchos, pode fazer bem aos colorados. Na prática, pouca diferença fez o gol de Wellington, aos 43 minutos. Foi o único chute a gol com algum perigo do Figueirense.
INTERNACIONAL 4 X 1 FIGUEIRENSE
Muriel, Nei, Bolívar, Juan e Kleber; Guiñazu, Tinga (Glaydson), D'Alessandro e Oscar; Zé Roberto (Ricardo Goulart) e Leandro Damião (Gilberto).Wilson, Bruno, João Paulo Goiano, Edson Silva e Juninho; Ygor, Coutinho (Jônatas), Maicon e Fernandes (Wellington Nem); Héber e Aloísio (Roger Carvalho).
T: Paulo Roberto FalcãoT: Jorginho
Estádio: Beira-Rio, em Porto Alegre (RS). Data: 26/06/2011. Árbitro:Marcelo de Lima Henrique (Fifa/RJ). Auxiliares: Roberto Braatz (Fifa/PR) e Luiz Muniz de Oliveira (RJ).
Gols: Bolívar, aos 17, e Oscar, aos 20 minutos do primeiro tempo; Leandro Damião, aos 13, Ricardo Goulart, aos 35, e Wellington, aos 43 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: D'Alessandro, Guiñazu (Inter); Edson Silva, Jônatas (Figueirense).
Público: 11.714. Renda: R$ 128.930,00.

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